domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa


renascimento + ressurreição

Coutinho e eu


O Museu da Imagem e do Som, na Praça Marechal Âncora, no Centro do Rio, foi o primeiro estágio que fiz na vida. Eu era universitária da faculdade de comunicação e passei por uma prova para conseguir uma das duas vagas que tinham para estagiar no Museu.
Como era lindo! Cheio de histórias e objetos que me remetiam a um  passado que não vivi.
Tive o primeiro contato com negativos de vidro, que até então eu nem sabia existir, da coleção de fotos da cidade de Augusto Malta. Um verdadeiro deslumbre.
Tinha uma sala de exibição de filmes, onde também aconteciam alguns debates, entrevistas, gravações de programas, etc. 
E foi lá que assisti "Cabra Marcado para Morrer", de Eduardo Coutinho. Era 1984 ou 85.
Após o filme teve um debate com a presença do diretor. 
Fiquei encantada e intrigada ao mesmo tempo com o filme. Mas ao ouvir Coutinho explicar o processo de filmagem, a viagem, a equipe, as dificuldades e a simplicidade, virei sua fã para sempre.
De lá pra cá, assisti todos os documentários que ele dirigiu, sempre me surpreendendo. 
De vez em quando o via andando pelas ruas do Jardim Botânico, ou tomando café na livraria, no cinema, ou em alguma reunião.... Até que precisei usar imagens de um filme dele para um trabalho que estava fazendo. Era um filme que eu nunca tinha ouvido falar: "Faustão, o Cangaceiro do Rei", de 1971.
Telefonei, passei e-mail, reencaminhei o e mail e nada.
Até que uma tarde, eu estava entrando em uma estação do metrô quando meu telefone tocou. Um número que eu não conhecia.

- É a Teresa?
- Sim, quem é?
- É o Coutinho. Eduardo Coutinho.

Silêncio da minha parte. Um pequeno pânico se abateu sobre mim. Ele realmente me pegou de surpresa. 

- Você anda atrás de mim querendo umas fotos e umas informações, não é?
- Oi Coutinho, tudo bem? Falei meio sem graça.   

Peguei meu caderninho na bolsa e me sentei em um canto nas escadarias do metrô. Ainda bem que não era horário de rush, senão eu teria sido pisoteada...
Ele me falou tudo o que eu queria saber e ainda me forneceu informações sobre outros filmes que eu também pesquisava. Me deu autorização para usar o que precisasse.
Fiquei radiante com esse telefonema e me despedi dizendo que adorava os filmes dele. Dessa vez ele é quem ficou em silêncio.

Um ano depois nos falamos novamente por conta de uma outra produção e ele sempre solícito ao trabalho de pesquisa. 
Quando soube de sua morte, uma das mais tristes da história, chorei. Chorei de verdade, como todos os brasileiros amantes do cinema, da genialidade e da simplicidade.
Deixou uma obra linda.
Obrigada.

Filmes brasileiros em cartaz


Em tempos de Capitão América 2, com mais de 1000 cópias no país, termos tantos filmes brasileiros em cartaz na cidade, é uma verdadeira glória! Fazia tempo que isso não acontecia. Ao menos não me lembro.

Tem para todos os gostos: documentários, comédias, dramas, animação.
Tem até o Rio 2, que não é brasileiro, mas 'é como se fosse"....


1."Copa de elite", de Vitor Brandt.

2. "Julio Sumiu", de Roberto Berliner.

3. "Alemão", de José Eduardo Belmonte.

4. "Confia em mim", de Michel Thikomiroff

5. "Em busca de Iara", de Flávio Federico

6. "Hoje eu quero voltar sozinho", de Daniel Ribeiro

7. "S.O.S. Mulheres ao Mar", de Cris D'Amato

Basta conferir a programação e escolher o melhor filme e horário que combina com você.

Cultura em Paquetá

Tive o enorme prazer de fazer um novo lançamento do meu livro Palavra Carioca, na Casa de Artes Paquetá.

É linda, lúdica, bem estruturada e com uma equipe de trabalho muito bacana. Lá acontecem diversos eventos culturais. Basta consultar o site e conferir programação: http://www.casadeartespaqueta.org.br/


Basta se organizar, pegar a barca (com vários horários de ida e volta), para passar um agradável dia, com atividades culturais, almoço honesto, pessoas simpáticas e cerveja gelada.

Casa de Artes Paquetá











cartas


No final dos anos 80, foi lançado um dos filmes mais bonitos que assisti: Nunca Te Vi, Sempre Te Amei ( 84 Charing Cross Road), filme inglês do diretor David Hugh Jones, com Anne Bancroft e Anthony Hopkins. Duas pessoas que iniciam uma correspondência entre New York (ela) e Londres (ele). Uma escritora em busca de livros raros e ele, dono de livraria. Foram 20 anos de cartas pra lá e pra cá.

Mais de 30 anos depois assisto Lunchbox, filme indiano do diretor Ritesh Batra, em cartaz na cidade.
Imediatamente lembrei do filme inglês, pois também um casal que se corresponde de maneira inusitada. Dessa vez por conta de um erro na entrega de uma comida através do 'delivery' de Mumbai. É lindo, delicado e cheio de amor. Sem falar na beleza da gastronomia indiana.
São filmes muito diferentes mas que tratam do mesmo universo entre si: as cartas.
Essas cartas vão se transformando nas mais belas histórias de amor. Tendo ou não um final feliz. 
O filme inglês é possível encontrar em DVD e o indiano, está em cartaz.
Vale conferir.


FIM


Fernanda Torres me impressiona desde menina. Lembro perfeitamente quando ela ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, com o filme "Eu sei que vou te amar, de Arnaldo Jabor, em 1986. Ela era uma jovem e promissora atriz. 

De lá para cá foram muitos filmes, novelas, séries, peças de teatro, etc. Sua "veia" de escritora para mim apareceu com as crônicas na Vejinha/Rio, mas o livro FIM, seu primeiro romance lançado no final do ano passado, me ganhou completamente.
Tem ritmo, humor, amor, alegria e melancolia. Tem sexo, praia e velhice.
É denso, estruturado e delicioso ao mesmo tempo. Tem os ingredientes mais do que necessários para uma boa literatura. 
Recomendo.