sábado, 10 de novembro de 2012

As jabuticabas


Sempre gostei de ir à feira. Quando era pequena tinha feira toda quinta-feira perto da minha casa. Minha mãe me levava com ela para ajudar com o carrinho e, certamente, me ensinar a comprar. Conforme fui crescendo e minha mãe ficando mais velha, comecei a ir sozinha.  E assim fui aprendendo, descobrindo e me apaixonando pelo frescor dos legumes, frutas, verduras, cores, peixes, temperos e flores. Mas tem uma coisa que só acontece na feira: a cantada de um feirante.
Se você estiver com a autoestima baixa, vá á feira. Você será tratada como princesa e ouvirá os elogios mais incríveis sobre a sua pessoa. É divertido, carinhoso e não me lembro de ter ouvido nenhuma cantada grosseira ao longo dos anos. Elas são bem humoradas embora nem sempre correspondam a realidade, mas o que vale é a intenção.
Na semana passada escutei a seguinte pérola:
- Pare aqui linda morena! Experimente o sabor da sua infância.
Quando olhei para trás era um homem negro de sorriso largo que me oferecia um pote de jabuticabas. Sorri com gosto pegando uma frutinha. 
Ploft...ela estourou doce na boca. Em questão de segundos me vi sentada na jabuticabeira da casa da minha bisavó, junto com meus primos comendo aquele monte de jabuticabas. Fiquei tão feliz com a lembrança e o sabor da fruta que nem sabia o que dizer. Simplesmente comprei um saco cheio para levar para casa. 
Conversei um pouco com o simpático feirante que disse trazer do sítio onde os filhos e netos adoram subir no pé para ajudar a catar e a comer!
Minha filha já tinha comido há muitos anos e não lembrava o gosto. Lavei, coloquei na geladeira e mais tarde ficamos sentadas no sofá nos deliciando com um pote para colocarmos os caroços e as cascas. A diferença de se comer jabuticaba em apartamento é essa: no sofá e com um pote ao lado. Na infância era sentada no galho da árvore e jogando o caroço na terra.

PS: E o melhor: além de se fazer uma deliciosa geleia da fruta, elas são antioxidantes, antialérgicas, estabilizam o açúcar no sangue dos diabéticos, são boas  para o coração e para prisão de ventre. Um manjar dos deuses!

Brincando com o Instagram













Palavra Carioca

Quando comecei a pensar em reunir os meus textos para montar um livro, não tive a menor pretensão de que ele se tornasse uma obra literária, muito pelo contrário, meus textos são e foram escritos para alegrar, alivia e sensibilizar o outro.
Esses textos são a minha forma de olhar algumas situações em que me envolvo ou em que me encontro.
São simples, leves, cariocas, apaixonados e foram escritos entre 2007 e 2011.
O Rio de Janeiro sai do posto de cidade para se tornar personagem.
Durante este período preparatório de produção literária, reli e li muita coisa:
Clarice Lispector, Rubem Braga, João do Rio, Jacinto Corrêa, Mario Quintana, Moacir Scliar, Ana Miranda, Heloisa Seixas, Machado de Assis, João Ubaldo. Poetas, cronistas, romancistas,jornalistas. Li sem a menor disciplina.
Queria entender um pouco do que eles via, do que eles sentiam e do que eles pensavam.
Continuo com a firmeza no meu pensamento de que cada um, por melhor que escreva, pensa e sente de maneira diferente do outro.
Por isso é tão gostoso ler diversos autores.
Vivez la différence!

O projeto do livro está inscrito no Catarse, site de financiamento coletivo. Se cada amigo comprar uma cota, eu viabilizo a gráfica, o design e o lançamento. As cotas custam 30, 60 e 100 reais sendo que as maiores tem recompensas! 
Segue o link do projeto para contribuição e um pequeno vídeo.


http://catarse.me/pt/palavracarioca

E se vivêssemos todo juntos?

Filme ou você gosta ou não gosta. Aquele coisa de que gostei mais ou menos é porque na realidade não gostou e não tem coragem de dizer. Ao menos comigo é assim. Tem uns que a gente ama de verdade, outros nem tanto. 
Fui assistir ao curioso filme francês Et si on vivait tous ensemble?, de Stéphane Robelin e não parei mais de pensar sobre ele. 
O filme trata da terceira idade de forma delicada, digna, incômoda e solidária. Um grupo de 5 amigos da vida toda resolvem, depois de uma série de circunstâncias, viverem juntos até o fim. É lindo e triste ao mesmo tempo. 
São questões sobre a amizade, o sexo, o amor, as lembranças, as doenças.... Não é fácil fazer um filme com elenco idoso. O filme inglês O exótico Hotel Marigold , de John Madden, também nos leva para esse universo da "velhice".
Não tem muito jeito, vai acontecer com todos nós e só espero que seja agradável, otimista e saudável, porque o resto temos que enfrentar de uma maneira ou de outra
O filme tem um elenco incrível e está em cartaz nas salas de circuito alternativo. É uma reflexão.

Dicas

Absurdo - A Companhia Atores de Laura está em cartaz no recém restaurado Teatro Ipanema. O texto é mais uma criação coletiva da Companhia onde as comemorações dos 20 anos continuam a todo vapor. Sob a direção de Daniel Herz, o grupo apresenta um texto inédito que tem como referência o teatro do Absurdo e as obras de Eugene Ionesco. Quanto mais conhecemos alguém mais distante estamos em relação a essa pessoa.
Vale conferir.



A exposição Barbárie e Espanto em Canudos, em cartaz na Caixa Cultural traz a coleção de xilogravuras de Adir Botelho, um dos maiores gravuristas brasileiros. É impressionante a sequencia de imagens sobre o sangrento episódio brasileiro. O trabalho deste artista de 80 anos é inspirado em os Sertões, de Euclides da Cunha e os desenhos fazem parte do acervo do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. 
Imperdível. 
www.caixacultural.com.br