domingo, 15 de julho de 2012

De Santa Rita a Drumond


Depois do terceiro dia no centro histórico de Paraty você aprende a andar sobre as pedras sem precisar ficar olhando o tempo todo para baixo. Em algumas ruas, exatamente no meio, existe uma fila de pedras maiores como se fosse um caminho e por ali podemos caminhar sem erro.
A data de fundação de Paraty, hoje Patrimônio Histórico Nacional, diverge  os historiadores entre 1540 a 1606. 
Com suas igrejas, alambiques, praias, ilhas parques , reservas e a história do Caminho do Ouro, Paraty é uma das cidades mais charmosas do Estado do Rio de Janeiro. O calendário de festas é variadíssimo e durante a FLIP, o maior evento literário brasileiro, a cidade fica efervescente. É bem verdade que muitos paratienses não estão mais por lá e os comerciantes do local são estrangeiros que se encantaram pelas belezas do lugar. Infelizmente isso vem acontecendo em várias cidades brasileiras, mas isso é uma outra história.
E no meio da festa literária uma homenagem a Santa Rita de Cássia. 
O dia de Santa Rita é 22 de maio, mas em Paraty comemora-se por 9 dias de novena e missa, na primeira semana de julho.  A festa foi transferida para não ficar muito perto da Festa do Divino Espírito Santo, outra festa religiosa de grande porte e que ocupa a cidade toda. A Igreja de Santa Rita é o cartão postal principal da cidade. É aquela que vemos no cais quando se chega de barco na cidade. Ela está em obras para restauro e as missas estão acontecendo na Igreja da Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira da cidade.
A procissão desfilou com uma banda de música e fogos de artifícios por todas as ruas do Centro Histórico e enquanto isso, na Casa do Instituto Moreira Salles, Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo conversavam descontraidamente sobre seus personagens preferidos na literatura. Zuenir citou Moby Dick, a baleia e Veríssimo Humbert Humbert, o narrador de Lolita, a ninfeta.
E a poesia de Carlos Drumond de Andrade, o grande homenageado da 10ª FLIP, espalhou-se por todas as esquinas, ruas, bares, casas de cultura, tendas e escolas de Paraty. 
Crianças e adultos declamavam Drumond pelas ruas, uma réplica da estátua da praia de Copacabana também foi instalada na Flip e como no filme Cinema Paradiso, do italiano Guiseppe Tornatore, uma projeção de imagens e textos na parede lateral da Igreja da Matriz, contava a trajetória da vida e obra do grande poeta. Todas as mesas dos debates oficiais eram iniciadas com a leitura de um poema de Drumond, o que para mim, deu um ar mais lúdico e tranquilo a festa. 
Ficarei freguesa.

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