domingo, 15 de julho de 2012

Flipinha


No 10º ano da FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, idealizada em 2002 pela inglesa Liz Calder, foi um sucesso absoluto de público e crítica. Mas a programação infantil da Flipinha coloriu e alegrou toda a cidade. A Praça Monsenhor Helio Pires, conhecida como  a Praça da Matriz, foi ornamentada com instalações de bonecos de papel machê  produzidos por artistas da cidade, formando um jardim de Alice no País das Maravilhas, além de um “pé de livros”, onde diversos livros pendurados em galhos eram manuseados pelas crianças.
Sem contar a Regata organizada pelo INP – Instituto Náutico de Paraty,  as rodas de leitura, os contadores de histórias e as brincadeiras de roda. Durante todo o tempo as turmas das escolas passavam enfileiradas com professores e monitores  explicando e levando-as para uma das atividades.  Durante os 5 dias da programação, os autores autografaram seus livros na Biblioteca da Flipinha, também montada na Praça.
Segundo Rita de Cássia Marques, professora e advogada nascida e criada em Paraty, escolas da Zona Costeira de Paraty como Pouso de Cajaíba, Mamanguá e Ponta Grossa, vieram de barco para participar da festa. Assim como escolas da Zona Rural que trazem seus alunos de ônibus de localidades como Taquari e Campinho da Independência, uma comunidade quilombola.
Alunos do 9º ano da Escola Municpal Nova Perequê, em Angra dos Reis, fizeram um livrinho com ilustrações e lendas populares da cidade de Paraty para recolherem fundos para a festa de formatura no final do ano.
A exposição Território e Literatura foi toda montada a partir de desenhos feitos por alunos da rede escolar  de Paraty e arredores, que receberam um tratamento gráfico feitos por jovens do Ponto de Cultura da Associação da Casa Azul, representando a união entre literatura, identidade e territórios, nas relações sociais e culturais presentes nas comunidades de Paraty. 
Todos os painéis da exposição foram inspirados na obra de Carlos Drumond de Andrade, o grande homenageado da FLIP deste ano, trazendo fragmentos poéticos em seus desenhos e textos.
Já a Flipzona, que é dedicada aos jovens da cidade com uma programação mais contemporânea como a inclusão digital, mídias sociais e a democratização cultural, foi transformada em um Ponto de Cultura do Governo Federal. A ideia surgiu durante a Flipinha de 2008 ao perceberem que havia espaço para esse tipo de projeto. As atividades vão desde exibição de filmes, oficinas de produção e edição de áudio e vídeo, teatros,  produção de texto, animação, fotografia e videogame. Ao longo do ano essas atividades são desenvolvidas e durante a feira, professores, autores e profissionais em tecnologia  participam do evento para que  os jovens façam uso da palavra como meio de reflexão e transformação.
Um luxo.

Olhando a FLIP












De Santa Rita a Drumond


Depois do terceiro dia no centro histórico de Paraty você aprende a andar sobre as pedras sem precisar ficar olhando o tempo todo para baixo. Em algumas ruas, exatamente no meio, existe uma fila de pedras maiores como se fosse um caminho e por ali podemos caminhar sem erro.
A data de fundação de Paraty, hoje Patrimônio Histórico Nacional, diverge  os historiadores entre 1540 a 1606. 
Com suas igrejas, alambiques, praias, ilhas parques , reservas e a história do Caminho do Ouro, Paraty é uma das cidades mais charmosas do Estado do Rio de Janeiro. O calendário de festas é variadíssimo e durante a FLIP, o maior evento literário brasileiro, a cidade fica efervescente. É bem verdade que muitos paratienses não estão mais por lá e os comerciantes do local são estrangeiros que se encantaram pelas belezas do lugar. Infelizmente isso vem acontecendo em várias cidades brasileiras, mas isso é uma outra história.
E no meio da festa literária uma homenagem a Santa Rita de Cássia. 
O dia de Santa Rita é 22 de maio, mas em Paraty comemora-se por 9 dias de novena e missa, na primeira semana de julho.  A festa foi transferida para não ficar muito perto da Festa do Divino Espírito Santo, outra festa religiosa de grande porte e que ocupa a cidade toda. A Igreja de Santa Rita é o cartão postal principal da cidade. É aquela que vemos no cais quando se chega de barco na cidade. Ela está em obras para restauro e as missas estão acontecendo na Igreja da Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira da cidade.
A procissão desfilou com uma banda de música e fogos de artifícios por todas as ruas do Centro Histórico e enquanto isso, na Casa do Instituto Moreira Salles, Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo conversavam descontraidamente sobre seus personagens preferidos na literatura. Zuenir citou Moby Dick, a baleia e Veríssimo Humbert Humbert, o narrador de Lolita, a ninfeta.
E a poesia de Carlos Drumond de Andrade, o grande homenageado da 10ª FLIP, espalhou-se por todas as esquinas, ruas, bares, casas de cultura, tendas e escolas de Paraty. 
Crianças e adultos declamavam Drumond pelas ruas, uma réplica da estátua da praia de Copacabana também foi instalada na Flip e como no filme Cinema Paradiso, do italiano Guiseppe Tornatore, uma projeção de imagens e textos na parede lateral da Igreja da Matriz, contava a trajetória da vida e obra do grande poeta. Todas as mesas dos debates oficiais eram iniciadas com a leitura de um poema de Drumond, o que para mim, deu um ar mais lúdico e tranquilo a festa. 
Ficarei freguesa.

Olhando Paraty















Lenine

Descobri que faz parte do meu destino ver Lenine nas praias. Nada mal para um músico que encanta o público com suas belas, poéticas e dançantes canções.
A primeira vez foi em Geribá, Búzios, no canto direito da praia. Era verão e noite de lua cheia. Uma combinação perfeita que nunca mais esqueci.
Dessa vez foi em Paraty. Lenine foi convidado para fazer o show de abertura da FLIP. Era noite de lua cheia só que no inverno e, certamente, também não esquecerei. 
Esse pernambucano de nome Oswaldo conquistou os cariocas faz tempo!
Sua trajetória é longa pois chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos 70 e de lá pra cá foram muitos shows, cds, gravações de trilhas sonoras e Grammys. Mais do que merecidos.
Quer saber mais?


Carlos Drumond de Andrade




Pérolas de Drumond, o grande homenageado da 10ª FLIP.

"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade."

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo."

"Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar."


"É menor pecado elogiar um mau livro sem o ler, do que depois de o ter lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de receber o volume. Não há vida literária plenamente virtuosa."

"Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão."

"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

Prazer nas telas

Não é sempre que se vê estreando no cinema quase na mesma semana dois mestres como Woody Allen e Walter Salles.

Na estrada, o novo filme de Walter Salles ainda não deu tempo de ver, mas já divulgo porque sei de sua competência e delicadeza com a câmera. E pelo que soube é um filme bem diferente de sua filmografia, motivo para a curiosidade aumentar. 
Walter Salles sempre vale a pena.


Para Roma com Amor, o novo filme de Woody Allen faz parte da trajetória européia que vem percorrendo e onde rodou seus últimos filmes. Londres, Barcelona, Paris e agora Roma. Meia-Noite em Paris é imbatível, mas em Para Roma com Amor temos a oportunidade de fazermos um belíssimo passeio por Roma além de darmos boas risadas.
Woody Allen sempre vale a pena.