domingo, 30 de outubro de 2011

Cinemas

O gosto pelo cinema vem da infância, quando meu pai me levava para ver os desenhos do Tom & Jerry. Eu ia na maior felicidade balançando as marias-chiquinhas que eram presas com laços de fitas azuis. Minha mãe fazia questão de penteá-las. Mesmo achando que o Jerry era muito malvado e morrendo de pena do Tom, eu tinha fascinação pelos personagens, pela animação, cores e correria. Tom & Jerry era pura ação.

Na adolescência eu morava na Tijuca, bairro de classe média e com um total de aproximadamente 15 cinemas. Todos de rua e cada um mais bonito que o outro. Cinemas clássicos de escadarias de mármores, tapetes macios e muitos lugares para sentar. Me lembro do gigantesco Art-Tijuca de dois andares e muitas poltronas, do Carioca que era o mais bonito e lembrava o Roxy, em Copacabana, com sua magistral escadaria.

Já o Metro Tijuca era o mais difícil de entrar com carteirinha falsificada de idade. Os porteiros eram terríveis! Dava frio na barriga quando estávamos na fila.

No América podíamos nos deliciar na maciez de seu inesquecível tapete. Me lembro de outro cinema na rua Conde de Bonfim, que inaugurou a cadeira onde os braços eram flexíveis. O lugar ideal para namorar! Foi um marco na vida dos jovens tijucanos.

Na rua Hadocck Lobo tinha o Eldorado, onde assisti a ópera-rock Tommy, de Ken Russel, umas 12 vezes. Coisas de adolescente.

Mas o melhor de tudo isso é que foi nesses cinemas da Tijuca que descobri que não era um bicho de sete cabeças ver um filme sozinha.

Eu queria ir e nem sempre tinha companhia. Nem sempre as amigas ou o namorado queriam ver o que eu queria. Na primeira vez fiquei meio sem jeito, meio sem saber o que fazer, onde sentar... e depois, observando as pessoas, vi quantas estavam sozinhas. Me deu um alívio! E nunca mais parei de ir.

A praça Saens Peña é uma nostalgia em minha vida. Não existe mais nenhum cinema. Eles viraram igrejas, farmácias ou lojas de departamentos. Passei por lá outro dia e fiquei triste.

Os cinemas hoje estão nos shoppings, resultado do progresso e da vida moderna. E eu continuo dando preferência aos cinemas de rua, que são pouquíssimos, mas que têm um charme diferenciado dos cinemarks, multiplex, kinoplex, etc.

Vida longa ao cinema Leblon.

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