sábado, 25 de junho de 2011

A meia-noite de Woody Allen

Woody Allen ficou conhecido por fazer a maioria de seus filmes em New York. Ninguém filmava a cidade com mais beleza e delicadeza do que ele. Foram filmes memoráveis como Noivo Neurótico e Noiva Nervosa (1977), Manhattan (1979) Hannah e Suas Irmãs (1986), A Era do Rádio (1987), Poderosa Afrodite (1995), entre outros. De uns tempos para que é que ele vem modificando sua cidade cenário com Match Point (Londres-2005), Vicky Cristina Barcelona (Barcelona-2008), e até mesmo Paris quando ele filmou por lá Todos Dizem Eu Te Amo, em 1996.

Com Meia-Noite em Paris ele superou-se. É um filme delicioso, inteligente, apaixonado, otimista, com belíssimas imagens e aqueles diálogos afiados de sempre. E ainda nos faz pensar com poesia, se o passado é realmente melhor que o presente.

"Paris é muito excitante, eu a conheci da mesma forma que os americanos, pelos filmes. Só fui a Paris em 1965, e a Paris que eu conhecia era a do cinema. Eu quis mostrar Paris de forma emocional, o jeito como vejo Paris, de forma subjetiva.”

Sou fã de carteirinha do cineasta. Acho que consegui ver 90% de sua filmografia e confesso que gosto muito de quase todos. Mas este, é especial. Especial por Paris, especial pelo roteiro tão criativo, especial por suas imagens, especial pela ebulição da arte nos anos 20, especial pela fantasia, especial pela delicadeza e em especial pelo amor.

Meia-Noite em Paris está em cartaz em diversas salas da cidade.
IMPERDÍVEL
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PS. Um dos meus preferidos é A Rosa Púrpura do Cairo, de 1985, um 'primo' de Meia-Noite em Paris. É muito bom transitar entre a fantasia e a realidade da maneira que ele nos conduz. É como disse em uma entrevista sem abandonar seu peculiar humor.

"Destesto a realidade, mas é o único lugar em que podemos comer um bom filé".

Inverno

Quando o inverno chega tiramos os casacos do armário, mudamos nossos hábitos cariocas pois trocamos a cerveja gelada por um bom vinho tinho.

Trocamos a salada por uma sopa quente e a rua por um bom filme em casa com os amigos.

É como neste belo poema de Machado de Assis, Manhã de Inverno.
"Coroada de névoas, surge a aurora
por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça
Nos olhos da fantástica indolente.
Névoas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que têm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.

A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.

Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras úmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chão recebe o pranto da viúva.

Gelo não cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas trêmulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua história escreve.

Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
Vão subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.

Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;
Tudo ali preparou co’os sábios olhos
A suprema ciência do empresário.

Canta a orquestra dos pássaros no mato
A sinfonia alpestre, — a voz serena
Acordo os ecos tímidos do vale;
E a divina comédia invade a cena."

Que seja bem-vindo o inverno!

Chico Buarque

A cada 10 mulheres, 11 amam Chico Buarque.
Acredito que ele é o único cantor e compositor que entre homens e mulheres, seja unanimidade nacional.
Seja por sua música, sua poesia, seus livros, sua história na MPB, sua posição política, seu futebol ou até mesmo por seus belos olhos cor de ardósia.


Neste mês de junho, Chico completou 67 anos em grande estilo, com o lançamento de seu novo CD "Chico" , com pré-venda pela internet http://www.chicobastidores.com.br/ e com todo o seu acervo on-line, dentro do site do Instituto Tom Jobim. http://www.jobim.org/


Tem Chico para todos os gostos.
Passeie pelo Leblon ou pelas ruas de Paris.
Você vai acabar cruzando com ele em algum momento.
Boa sorte.

www.chicobuarque.com.br

Andando por aí





















Haikai ou Haicai

Adoro Haicais .
Haikai é uma forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão e a objetividade. Como sou objetiva na vida e nos textos, deve ser esta a razão para eu gostar dos haicais.
São poemas de apenas três linhas, ou 3 versos, contendo na primeira e na última, cinco sílabas, que na maioria das vezes, possuem uma métrica pré-estabelecida. São simples e conseguem dizer o que precisam em poucas palavras.

Sua leitura geralmente sugere uma imagem visual pois a sua principal inspiração é a natureza.

Os escritores japoneses que usam esse tipo de poema são chamados de Haijin e o principal haijin (ou haicaísta), dentre os muitos que destacaram-se nessa arte, foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual.

O primeiro autor brasileiro a se utilizar dos haicais foi Afranio Peixoto, em 1919, e que tem uma bela declaração sobre os poetas japoneses:

" Os japoneses possuem uma forma elementar de arte, mais simples ainda que a nossa trova popular: é o haikai, palavra que nós ocidentais não sabemos traduzir senão com ênfase, é o epigrama lírico. São tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, ao todo dezessete sílabas. Nesses moldes vazam, entretanto, emoções, imagens, comparações, sugestões, suspiros, desejos, sonhos... de encanto intraduzível."
















A flor, o vento passa,
A pétala cai no chão
E leva seu coração.


Juliana
aluna da 8ª séria de uma escola em São Paulo
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sábado, 4 de junho de 2011

Dia Mundial do Meio Ambiente - 5 de junho

Por conta do Dia Mundial do Meio Ambiente, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro está com uma programação especial para este fim de semana e na semana que vem como parte das comemoração da Semana do Meio Ambiente.
Os participantes terão visita guiada por uma trilha para conhecer as árvores nobres vindas da floresta atlântica e amazônica. Eles serão informados sobre essas árvores, suas famílias e características, sua floração e as mais diferentes espécies. Além disso, o Jardim promove oficinas de materiais recicláveis, exibição de filmes e documentários ecológicos, no Cine Gaia.

Esta data foi criada em 1972 em uma Assembléia Geral da ONU, em Estocolmo, marcando a abertura da Conferência sobre o Ambiente Humano.
Os principais objetivos das comemorações decididos na conferência foram:


1. Mostrar o lado humano das questões ambientais.
2. Capacitar as pessoas a se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável.
3. Promover a compreensão de que é fundamental que comunidades e indivíduos mudem atitudes em relação ao uso dos recursos e das questões ambientais.
4. Advogar parcerias para garantir que todas as nações e povos desfrutem um futuro mais seguro e mais próspero.


Em um momento em que se discute muito as mudanças do Código Florestal, comemorar o dia do Meio Ambiente é mais do que um dever. É uma obrigação.

Está faltando consciência sobre o nosso maior bem natural que é o planeta Terra.

Em casa







As boas surpresas da natureza!

Eu, Caetano e o elevador

Era o ano de 1998 e eu trabalhava em uma produtora de cinema que se associou a outra produtora, cujo sócio era o Caetano. Ele mesmo, o Veloso.
Foram dias difíceis para mim.
Como conviver normalmente com ele, eu pensava?
Não vou conseguir trabalhar quando ele aparecer. Não vou conseguir concentrar, usar o computador ou até mesmo falar ao telefone.
Ídolo é ídolo, não é bom se aproximar muito.
Meu chefe dizia: fique tranqüila, ele é como a gente, tem bom humor, tem mau humor, tem fome, tem sede, tem dor de cabeça, essas coisas que todo ser humano tem.
Ok, eu dizia, entendi. Mas ele não era igual a mim não, nem era igual a ninguém que eu conhecia...

Já pensou se de repente o Mick Jagger muda-se para o apartamento ao lado do seu?


Toda a fantasia desce pelo ralo ao ter o seu ídolo como uma pessoa normal.
Bom, deixando Mick Jagger de lado e continuando com Caetano, era época de produção do filme Orfeu, de Cacá Diegues, onde Caetano fazia a trilha sonora.
Nunca era tranqüilo encontrá-lo. Eu sempre ficava nervosa, vermelha, perdia a fala, ficava muda, surda, essas coisas de fã.


Aos poucos fui conseguindo cumprimentá-lo, pois ele sempre muito educado, me cumprimentava e ainda dizia o meu nome!
Nossa, eu quase morria.
Até que um dia, quando eu chegava esbaforida e super atrasada, encontrei com ele na espera do elevador. Era um prediozinho antigo no Leblon e o “nosso” ( olha que metida!) escritório era na cobertura. Parei ao lado dele, que me cumprimentou como sempre e eu apenas sorri. Por total 'mudice'.
Era a minha chance de falar alguma coisa, de puxar um assunto qualquer, mas quem disse que eu conseguia?
Respirei fundo, me armei de toda a coragem e falei:
- Estou adorando o seu livro (era verdade, eu estava lendo Verdade Tropical) e adorei a historia da escolha do nome da Maria Bethânea.
Ele sorriu baianamente agradecendo meu comentário elogioso e começou a falar dessa escolha do nome, AO VIVO, me contando como foi.
O elevador chegou, entramos (só nós dois) e ele continuou. Não deu para interagir muito pois o elevador fazia muito barulho com sua porta pantográfica. Chegamos e nos despedimos.
Além de atrasada, fiquei agitada, enrolada com os papéis que deveria mexer e demorei um pouco para me acalmar. Depois tudo passou e o dia foi voltando ao normal, até que minha amiga perguntou:
-Já pensou se o elevador enguiçasse? Ou se faltasse luz?
Só em pensar, fiquei nervosa de novo, mas isso é uma outra história.
Ainda bem que ele não aparecia muito no escritório. Só fui vê-lo de novo no set de filmagem alguns bons dias depois. Tentei ser normal e acho que consegui.
Consegui por fora, por dentro meu coração batia mais forte.



Mas isso ele nem precisava saber...

Santos Dumont em Petrópolis











Ser pioneiro em alguma coisa é sempre muito bom, Mas ser pioneiro na aviação é melhor ainda. Santos Dumont foi um homem incrível. Discreto, inteligente e de muito bom gosto. Sua casa em Petrópolis é um passeio dos mais agradáveis e custa apenas R$ 5,00 a inteira e R$ 2,50 a meia com direito a monitores que contam sua história.

Laura Alvim

A Casa de Cultura Laura Alvim, na praia de Ipanema, completou 25 anos. É uma vitória em um país como o nosso termos uma Casa de Cultura pública com uma durabilidade dessas e que continua funcionando a todo vapor. São 2 teatros, 3 salas de cinema, uma galeria de artes, um café, uma livraria e um museu com objetos da família Alvim, com direito a melhor varanda da Vieira Souto.

Laura Alvim foi uma mulher à frente do seu tempo, com uma história de vida fascinante e que conseguiu doar em vida o seu patrimônio para o Governo do Rio de Janeiro para que se transformasse em centro cultural.

No link abaixo a entrevista que fiz para o portal da Cultura, com a diretora Lygia Marina Pires de Moraes.