domingo, 5 de setembro de 2010

5 x favela, Agora por nós mesmos

Já escrevi sobre 5 x favela, Agora por nós mesmos desde que o Cacá Diegues começou este projeto. Sempre admirei a idéia de colocar esses meninos para fazerem filmes sobre suas próprias comunidades, onde o tráfico de drogas não é o objeto principal.
Ao longo do processo de seleção dos roteiros, das oficinas especializadas, das aulas e debates e até chegar ao resultado final, foi um longo caminho.
Um caminho vitorioso que voce pode agora conferir nos cinemas, em diversas salas da cidade.

No site do filme você pode descobrir como tudo isso aconteceu e como foi esse momento de criação, os festivais, premios, atores, diretores, bastidores, etc.


O filme é emocionante e é solar. Eles tem ritmo e continuidade. Esses jovens diretores acertaram em cheio com suas histórias triviais de periferia, lirismo e poesia. Uma aula de cinema realidade e dos bons. Um novo olhar em um novo momento.
Cacá Diegues sempre 'atravessou' uma favela em sua extensa filmografiia. Esse contexto faz parte de sua formação enquanto diretor e este delicado projeto nos mostra como é possível fazer arte de onde menos se espera.

Fonte de renda - Manaíra Carneiro e Wavá Novais

Arroz com feijão - Rodrigo Felha e Cacau Amaral

Concerto para violino - Luciano Vidigal

Deixa Voar - Cadu Barcellos

Acende a Luz - Luciana Bezerra


Eu tenho o meu preferido.
Vá ver para escolher o seu.

Lamê dourado

Por conta de tantos acontecimentos ligado às comunidades e ao terceiro setor que vivi ultimamente, além de reencontros e lembranças, lembrei de uma história trágica (pelo momento) e engraçada (pela particularidade).
Era junho de 2000 e eu trabalhava em uma produta em Ipanema. No final do dia, um tumulto aconteceu que acabou ganhando o mundo : o sequestro do ônibus 174, no Jardim Botânico a um quarteirão da minha casa.

Nem eu nem ninguém que morávamos por ali, poderíamos voltar para casa pois o trânsito estava todo parado e a violência e o medo espalhados pela cidade.
Mas eu estava assustada e queria ir, minha filha era pequena e estava em casa com a empregada.

-Vou de bicicleta pela Lagoa, pensei.

Sempre tinha uma bicicleta guardada na garagem da produtora. O problema é que eu estava com um vestido curto e não poderia sair pedalando por aí vestida daquela maneira. Eis que alguém sugeriu que eu pegasse uma das roupas do figurino de Orfeu que estava guardado no armário. Só que o figurino era de Carnaval e do próprio Orfeu.
A única coisa viável para se vestir era a calça de lamê dourado que o Toni Garrido usou para desfilar na Escola de Samba do filme.

Foi ela mesma. Amarrei o vestido como uma blusa, coloquei a calça de lamé dourado e fui embora para casa.

A cada farol de carro que batia em mim, eu refletia mais do que o sol de tão brilhante era o tecido de lamê. Era engraçado, as pessoas mexiam comigo na rua por conta deste brilho todo que eu estava espalhando pelo caminho.....
Meu coração estava acelerado e eu não sabia se ria ou chorava mediante a situação.

Bom, cheguei sã e salva embora o desfecho do sequestro não tenha sido são, nem salvo.
Até bem pouco tempo tive guardada esta calça de lamê ( ela fazia parte de um conjunto de várias iguais do figurino do filme).
Onde mais eu poderia usar esta calça:
- na entrega do premio Multishow
- para ser backing vocal em um show do Serguei
- doar para algum brechó.
Foi o que fiz.
Apenas lembranças....

Olhando a comunidade





Primavera com Arte

A partir do dia 23 de setembro teremos a chegada da primavera. A Casa de Cultura Laura Alvim está organizando o evento Primavera com Arte, que acontecerá no domingo, dia 26 de setembro, de 10 às 13 horas.

Todos os professores e alunos da Casa, entre os de teatro e os de artes, participarão de alguma maneira. Seja com esquetes de espetáculos teatrais, intervenções que se espalharão pela Casa com quadrinhos, papier machè, grafite, aquarela, pintura, desenhos, palhaços, malabaristas, etc. etc.

Lembrando que a Casa de Cultura fica na Vieira Souto e a praia estará fechada ao trânsito no domingo, o que facilitará o evento que terá início na rua.

A entrada será livre e aberta a participação do todos.

Ferreira Gullar

O poeta maranhense José Ribamar Ferreira Gullar completa 80 anos no próximo dia 10 de setembro.

Ferreira Gullar além poeta, é crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo - movimento artístico surgido no Rio de Janeiro no início dos anos 50, em oposição ao concretismo.

Viver de sua poesia é uma dádiva para poucos.

Poeta premiado, com inúmeros livros lançados ao longo de sua carreira, começou a escrever muito cedo, mas só após a publicação de seu primeiro livro, Um pouco Acima do Chão, é que ele se diz poeta. Estava apaixonado por uma menina quando começou a escrever poemas.
2010 ano que lhe cabe inúmeras homenagnes pelos seus 80 anos, entre elas a mesa de debates mais concorridas da FLIP, lançamneto de um DVD dirigido por João Moreila Salles, prêmio Camões, que é a mais alta distinção concedida a um autor de língua portuguesa pelo conjunto de sua obra. Uma boa quantidade de celebrações ao poeta.

Em alguma parte alguma, seu mais novo livro de poesias já pode ser encontrado nas maiores livrarias.

'A literatura tem que mudar a vida.'

'A poesia é na verdade, uma fala ao revés da fala, como um silêncio que o poeta exuma do pó a voz que jaz embaixo do falar e do falar se cala. Por isso o poeta tem que falar baixo, baixo quase sem fala em suma, mesmo que não se ouça coisa alguma.'

'Uma parte de mim é multidão; outra parte estranheza e solidão.'

'O osso, este osso ( a parte de mim mais dura e a que mais dura) é a que menos sou eu?'